A mudança de sistema operacional comumente vem acompanhada de um choque cultural. Um dos principais momentos em que isto ocorre, quando um usuário Mac ou Windows se posiciona em frente à uma máquina Linux é aquele em que precisa instalar algum software novo ou atualizar o sistema.
Este é um dos pontos em que a diferença é grande.
Para quem vem do Fedora ou do Opensuse, a gestão de pacotes é diferente, mas segue a mesma lógica.
As várias distros GNU/Linux possuem sistemas completos para gestão de pacotes — que cuidam da instalação, configuração e, se quiser, da remoção de softwares. Além disto, o sistema cuida das dependências — o que significa que vai atrás das bibliotecas e dos softwares adicionais necessários para que o aplicativo desejado seja instalado e usado plenamente.
Este sistema varia de acordo com cada distribuição e é comum que cada uma tenha seus próprios repositórios (ou loja de aplicativos, para facilitar a compreensão do conceito).
Fora do tradicional, há exceções, como compilar o código, baixar e instalar o conjunto completo com software e bibliotecas, como o snap ou pacote em tar.gz (para citar alguns exemplos).
Quando você usa o Google Play ou a app Store da Apple, saiba que a prática de fornecer todos os aplicativos pros usuários da sua plataforma em um só lugar, centralizado, já vai completar algumas décadas no mundo Linux.
Claro que os repositórios das grandes distribuições, como a Debian ou o Ubuntu (derivado da primeira) não são “centralizados”. Eles são espelhados e distribuídos, mundo afora, em vários servidores.
Assim, quem está no Brasil, pode fazer downloads mais rápidos a partir de servidores localizados na América Latina.
Gestão de softwares no Windows e no Mac
Os usuários Windows estão acostumados a baixar arquivos .exe e .msi da Internet ou instalá-los a partir de mídias físicas CD/DVD, com assistente de instalação.
Ainda que este método continue a ser usado nas próximas décadas, as novas versões do sistema operacional caminham na direção de oferecer os programas dos usuários centralizados em uma loja online.
As atualizações dos aplicativos, ou são feitas pelos próprios aplicativos ou os usuários precisam verificar online se há novas versões para seus programas.
Os usuários Mac já estão mais acostumados com o modelo de loja central, para adquirir os seus aplicativos. Mas também instalam bastante a partir de mídias físicas ou da Internet.
Os aplicativos adquiridos na App Store são atualizados automaticamente, o que diminui a quantidade de softwares desatualizados no sistema, com possíveis falhas de segurança, inclusive.
Gestão de software no Linux
Usuários Ubuntu não têm a prática de procurar e baixar seus softwares “em sites” da Internet. Embora seja possível, é muito incomum. Da mesma forma, dificilmente adquirem aplicativos separados em CD/DVD.
O próprio sistema é que se encarrega de mostrar um menu com os aplicativos disponíveis (e você os pode organizar por categoria), seus preços (a maioria gratuitos), entre outras informações. Se você usa um smartphone, então sabe como se faz.
Cada distribuição ou sabor Linux tem o seu próprio sistema de gestão de softwares. É comum ter mais de uma forma de acessar os repositórios, para a conveniência dos usuários.
Embora eu sempre recomende aos iniciantes os gestores gráficos, no dia a dia uso a linha de comando para instalar ou desinstalar meus aplicativos — e há muito tempo não instalo softwares individuais a partir de CD/DVD.
Contudo, aplicativos como o Firefox nightly, baixo do site oficial da Mozilla. Da mesma forma, baixo e instalo o NetBeans Nightly e o Komodo Editor — neste caso, trata-se de exceções. Estes softwares estão disponíveis nos repositórios normais, nas suas versões estáveis.
Todos softwares instalados podem ser atualizados ao pressionar um botão, ao dar um comando… ou sem fazer nada — quando chegam, as atualizações são aplicadas automaticamente.
Os vários gestores de pacotes do Linux, pro terminal
Os aplicativos gráficos de gestão de software, mesmo que diferentes de uma distribuição para outra, não são complicados.
A busca por aplicativos, para quem usa um smartphone no dia a dia, ocorre intuitivamente no ambiente gráfico do Ubuntu, do Debian, Opensuse etc.
Mesmo assim, muita gente prefere usar o bom e velho terminal para instalar ou remover qualquer coisa ou, ainda, atualizar o sistema — é um método muito mais ágil.
Sites com tutoriais, preferem mostrar como resolver problemas usando o terminal. Entre outros motivos, por que permite ao leitor a comodidade de copiar o comando do site e colar no seu console.
Abaixo segue uma tabela com os nomes de alguns dos gestores de softwares mais comuns de algumas das principais distribuições Linux:
Distro | Nome do gestor de software |
---|---|
Debian e Ubuntu | apt, aptitude, apt-get |
Fedora | yum, yumex, dnf |
Arch Linux | emerge |
Opensuse | zypper |
Vantagens dos sistemas de gestão de pacotes
No começo, cada novo programa era distribuído como um binário (que nem no Windows/DOS) ou em código-fonte, para ser compilado pelo usuário/administrador do sistema.
Os sistemas de gestão de pacotes, nas várias distribuições GNU/Linux oferecem diversas vantagens em relação a esta abordagem:
- Tornar fácil saber que versão do pacote de softwares já se encontra instalada no sistema ou está disponível no repositório.
- Tornar fácil a remoção de qualquer software instalado no seu sistema, bem como suas dependências e (opcionalmente) arquivos de configuração.
- Simplificar a verificação da integridade dos arquivos dentro do pacote — assim você não instala software corrompido ou “mexido”.
- Simplificar a atualização fazendo a remoção automática das versões antigas para instalar as novas — evitando que o procedimento desestabilize o seu sistema.
- Tornar transparente o que os pacotes requerem ou oferecem, antes de você começar a instalação.
- Simplificar tarefas complexas, como instalar ou remover grupos grandes de pacotes, como os que são necessários para ter um servidor LAMP, por exemplo.
- Quando uma versão nova, instalada, apresenta algum bug, é possível, em alguns casos, reverter com facilidade para a versão anterior do software.
Como encontrar e instalar pacotes de aplicativos via linha de comando
Os exemplos, que seguem, se baseiam nas distribuições Debian e Ubuntu, para mostrar basicamente como gerenciar softwares em seu sistema.
Para se aprofundar leia mais sobre o apt.
Se quiser saber como o processo funciona no Opensuse, leia gestão de pacotes com o zypper.
Quando desejo encontrar algum aplicativo relativo a uma determinada área ou categoria, posso usar o parâmetro search para efetuar uma pesquisa nos repositórios.
Veja um exemplo de como encontrar softwares de CAD (Computer Aided Design) para instalar no Ubuntu:
apt search cad
A lista de resultados pode ser enorme, uma vez que o apt irá procurar todos as referências que contenham a cadeia de caracteres “cad”.
Pra resolver isto, use o comando grep:
librecad - Computer-aided design (CAD) system librecad-data - Computer-aided design (CAD) system -- shared files tdiary-theme - Themes of tDiary to change the design alsaplayer-gtk - PCM player designed for ALSA (GTK+ version) geda-gsymcheck - GPL EDA -- Eletronics design software (verificador de símbolos)
Para instalar o freeCAD, uso o comando apt, assim:
sudo apt install freecad
Referências
Leia textos mais específicos sobre gestão de pacotes.
One reply on “Gestão de pacotes para iniciantes.”
Mais uma excelente dica, eu já instalei muito pacote na mão, mas o problema maior são as dependências.
Atualmente uso os linuxes : Opensuse 42.1, Slackware, ZorinOS, Emmabuntu, Makulu e Metamorphose, mas é para simplesmente fuçar, mudar coisas . Outro dia instalei em uma máquina virtual o Kurumin que lá muito lá atraz era um cd com 196 megas , valeu .