A cada vez que vai instalar o Linux, para experimentar uma nova distro ou testar algum lançamento, ainda em fase beta ou alfa, você costuma ter a dúvida sobre qual sistema de arquivos usar em cada uma das novas partições criadas?
O sistema de arquivos a ser usado é apenas a ponta do iceberg, dentre tantas dúvidas e opções possíveis de ajuste do sistema, já antes da sua instalação.
Para não te aborrecer com um artigo enorme, vou tentar responder apenas a principal pergunta: qual o sistema de arquivos ideal para instalar Linux no drive SSD?
Neste post, vou me restringir ao ambiente desktop comum de usuário e — é claro — ao sistema operacional do pinguim.
Das várias opções disponíveis, no ato da instalação, há basicamente 4 a serem consideradas:
- EXT4 — Esta é a escolha natural e recomendada se você deseja estar do lado mais seguro.
O Ext4 tem suporte total ao hardware dos SSD e ao trimming.
Até esta data, o Ext4 ainda está ganhando na maioria dos benchmarks realizados entre ele e os outros 3 sistemas de arquivos citados nesta lista.Portanto, é também a opção mais adequada para quem deseja mais performance e segurança — mas não vai ser sempre assim.
O Ext4 está atingindo o pico da sua maturidade e deve ter várias melhorias e novos recursos implementados, no decurso dos próximos anos, pelos seus desenvolvedores.
O ritmo de desenvolvimento dos outros sistemas de arquivos, contudo, está mais acelerado.
No Red Hat, o Ext4 tem suporte a arquivos com tamanho até 16 Tb. O sistema de arquivos pode chegar a 50 Tb.
- BTRFS — O nome pode ser um acrônimo para “better fs” (ou seja, “sistema de arquivos melhorado”).
No Ubuntu e nas outras distribuições GNU/Linux baseadas no Debian, ele desponta como um dos sucessores naturais do Ext4.
É seguro para o uso da grande maioria dos clientes mas não tem a maturidade exigida para o ambiente de produção.
Em alguns testes de benchmark, o Btrfs já ganha do Ext4 em eficiência.
Por ser mais novo, já nasceu com código voltado para as novas tecnologias de armazenamento.
- XFS — Muitos usuários não sabem que o XFS também tem suporte ao TRIM.
Este é o sistema de arquivos padrão no Red Hat, a partir da versão 7.Seu desenvolvimento remonta à década de 90, nas famosas workstations da Silicon Graphics.
É mais maduro do que o Btrfs, de modo geral, embora tenha começado a ter suporte no Linux, há menos tempo.Se você usa o Red Hat ou o Fedora, recomendo usar este sistema de arquivos, para usufruir de todo o suporte que a empresa oferece.
O XFS pode trabalhar com arquivos de até 500 Tb de tamanho e o próprio sistema de arquivos pode chegar a vários exabytes.
- JFS — Teve suporte ao TRIM, adicionado a partir da versão 3.7 do kernel Linux.
Há pouca documentação sobre ele.Ele tem sido comparado aos outros em vários testes de performance e tem se saído muito bem em alguns.
Além destes, há vários outros sistemas de arquivos desenvolvidos para unidades SSD e dispositivos flash — o F2FS é um deles.
No artigo Introdução ao ZFS, abordamos este sistema de arquivos especificamente.
Os testes de benchmarking
Foge ao escopo deste artigo fazer análises de performance — cujos resultados mudam o tempo todo.
Neste sentido, sugiro que você dê uma olhada nos links, abaixo. Selecionei algumas análises de desempenho que eu achei interessantes.
Antes de decidir, sugiro dar uma olhada e procurar por testes mais atuais.
Referências
O novo sistema de arquivos padrão no Red Hat é o XFS: https://access.redhat.com/documentation/en-US/Red_Hat_Enterprise_Linux/7/html/Migration_Planning_Guide/sect-Red_Hat_Enterprise_Linux-Migration_Planning_Guide-File_System_Formats.html.
Teste de performance do Phoronix: http://www.phoronix.com/scan.php?page=article&item=linux-40-hdd&num=1
Sistemas de arquivos otimizados para mídias flash e drives SSD: https://elias.praciano.com/2014/09/sistemas-de-arquivos-otimizados-para-midias-flash-cartoes-de-memoria-ssd-nand/.