5 razões para não chamar o Debian Unstable de instável. – Elias Praciano
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Análises Debian Linux

5 razões para não chamar o Debian Unstable de instável.

Conheça alguns bons motivos, enumerado pelo desenvolvedor Raphael Hertzog para não chamar a distribuição GNU/Linux Debian Unstable de INSTÁVEL.
A unstable é também chamada de Sid e o desenvolvedor relaciona alguns requisitos necessários a quem deseja se aventurar com ela.

O Debian Unstable, ou sid, é uma das 3 distro fornecidas pelo Debian — além da Stable e da Testing.
Cada qual tem um propósito e algumas funções a cumprir.
O principal objetivo, do conjunto, é ajudar a compor a distribuição final, a Stable — o que levará aos clientes um sistema operacional bem testado, estável (obviamente) e conciso.
Debian girl mini
Em seu blog, o desenvolvedor franco-suiço, Raphaël Hertzog, sustenta que não se trata de um produto voltado a usuários finais. Em vez disto, é para onde o pessoal que contribui com o projeto envia novos pacotes — …diariamente.
Isto significa que a distro está em constante movimentação e atualização. O que você usou ontem, pode não ser o mesmo hoje. Por isto, ela não é para todos.
Ainda assim, de acordo com os argumentos relacionados abaixo, é razoavelmente seguro usar esta distro no seu computador — desde que não seja o de produção.

Cada nova versão do Debian recebe um nome alusivo a um dos personagens da saga Toy Story.
A Debian Unstable tem um nome fixo: Sid, o garoto que quebra os brinquedos.

Debian Sid
Se quiser saber mais sobre o Debian 9 Stretch (na data deste post, ele está no canal Testing), leia este artigo.

A UNSTABLE contém muito software estável

Desenvolvedores de aplicativos em versões ainda instáveis são orientados a enviá-los aos repositórios experimentais (Testing) e não para os repositórios da Unstable.
A Unstable é o destino de softwares com qualidade suficiente para já serem lançados.
Embora alguns aplicativos possam ser classificados como instáveis, nesta distro, muitos outros já tem estabilidade suficiente para integrar a distribuição intermediária, Testing, do Debian.

Ela não “explode” todo dia

Problemas acontecem, claro.
Normalmente, não costuma ser grande coisa.
A distro Unstable é usada pelos próprios desenvolvedores e os relatos são de que raramente é necessário reiniciar a máquina após uma atualização.
O tipo de incidente que ocorre é software que para de funcionar, congela, dispara um bug chato ou (em um dia ruim) você pode dar de cara com alguns pacotes realmente problemáticos.
Usuários mais avançados resolvem ou contornam os problemas através de uma das seguintes formas:

  1. instalando uma versão anterior e funcional do programa (disponível na distro Testing)
  2. procurando e aplicando (se houver) uma correção no sistema de rastreamento de erros (ou bug tracking system)
  3. … ou simplesmente não fazendo o upgrade — baseado nos avisos dados pelo apt-listbugs (assim, ninguém é pego desprevenido)

É a base de outras distros

Pense.
Se o Debian Unstable ou Sid fosse tão ruim, seria usado como base para montar uma distro derivada, como é o caso do Ubuntu e do Aptosid (que se chamava Sidux)?
Pois é. Estas, entre outras, distros Linux, são baseadas no Debian Sid.
debian badge

Não é necessariamente menos segura que a STABLE ou a TESTING

O fato é que a dinâmica de trabalho das equipes manda que as vulnerabilidades mais sérias sejam corrigidas na Stable e na Unstable.
Estas correções são feitas pela equipe de segurança, na Stable e pelos mantenedores, na Unstable.
Em seguida, é que são aplicadas à Testing, quando os pacotes corrigidos forem enviados ao seu repositório — desta forma, os usuários desta distro, recebem as atualizações de segurança com um pequeno atraso.
Vulnerabilidades menores, podem sequer ser corrigidas na Stable — enquanto os usuários das outras duas receberão seus patches em suas próximas atualizações normais.

Desenvolvedores usam

Já contei que os desenvolvedores a usam, né?
Quem disse que desenvolvedores não precisam de estabilidade e das “coisas funcionando direito”?
A Unstable é a opção de muitos programadores e colaboradores do time Debian e você também pode fazer a mesma opção.
Hertzog enumera alguns dos pré-requisitos para ser usuário da Unstable.
Se você os preenche, seja bem vindo à elite:

  • Saber inglês é fundamental, aqui, para conseguir ler e escrever relatórios de erros (bug reports), sempre que necessário.
  • Acrescento ainda a leitura de manuais e instruções de outros desenvolvedores mundo afora.
  • Ter intimidade com o uso da linha de comando o suficiente para substituir uma versão não funcional de um software por outra, anterior, que esteja funcionando, além de conseguir editar arquivos de configuração.
  • Saber como trabalhar com o APT e com múltiplas distribuições no /etc/apt/sources.list.
  • Ter outro computador com conexão à Internet, que possa ser usado para buscar informações sobre como resolver possíveis problemas ocorridos no computador com a distro Unstable instalada (caso ele fique inoperante).

“Se sua instalação sid está funcionando, não faça upgrades antes de uma apresentação importante ou de uma viagem. Ela sempre vai dar problemas nos momentos mais inconvenientes. A menos que você goste de viver perigosamente.” (Raphael Hertzog)

Enfim, tal como expliquei, esta é um distro Linux que deve ser instalada em um segundo computador, que você tenha separado para o propósito de testar e aprender coisas novas.
Além disto, mesmo que você não se encaixe em todos os requisitos enumerados acima, vale a pena enfrentar o desafio — muitos dos que são considerados gurus e grandes hackers hoje, se iniciaram sem ligar muito para estas listinhas.
Aventure-se!

Referências

https://raphaelhertzog.com/2010/12/20/5-reasons-why-debian-unstable-does-not-deserve-its-name/

By Elias Praciano

Autor de tecnologia (livre, de preferência), apaixonado por programação e astronomia.
Fã de séries, como "Rick and Morty" e "BoJack Horseman".
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