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Programas de afiliados exploram quem cria conteúdo.

Atualmente, há várias de monetizar o seu conteúdo online, seja em áudio, vídeo ou em texto (ou tudo junto).

Os programas de afiliados representam uma das formas mais simples e rápidas de começar a sua trajetória profissional, como criador(a) de conteúdo.

De maneira resumida, funciona assim: a empresa cede um link para você postar junto com o seu conteúdo e te paga uma pequena comissão, caso alguma venda se concretize, a partir daquele link.

Isso é diferente do sistema de remuneração por Ads ou propagandas, como o do Google AdSense.

Programas como o AdSense, podem remunerar a partir de 3 tipos de ações:

  • CPM – alguém visita o seu site (blog ou vlog) e visualiza a propaganda. Usualmente, são contabilizadas a partir de mil visualizações da propaganda.
  • CPC – quando o seu público clica na propaganda e vai para o site da anunciante.
  • CPA – quando o público realiza uma ação predeterminada, como preencher um formulário, comprar um produto etc. A ação precisa ser concretizada, para gerar uma remuneração.

O CPM é a única forma de anúncio em outras mídias

Na televisão, nos intervalos da programação, os anunciantes pagam apenas para ter suas mensagens exibidas para as pessoas. O mesmo ocorre com os outdoors, da sua cidade.

Na TV, isso não é chamado CPM. Os programas calculam quantas telespectadores têm (há auditorias para isso) e cobram baseados em uma “previsão” de audiência.

No YouTube, bem como nos websites, a maioria das propagandas são pagas por CPM. Ou seja, o anunciante paga para mostrar a peça publicitária x milhares de vezes.

Neste modelo, não há necessidade de comprar absolutamente nada do anunciante, pro dono do canal da TV receber alguma coisa. O dono da agência de publicidade também recebe o que lhe é devido, independente de qualquer ação do espectador.

A mesma lógica funciona para as propagandas exibidas no Youtube.

Para a análise deste texto, vamos fazer de conta que a pessoa que produz o conteúdo, sempre ganha com a exibição dos comerciais (o que não é bem verdade).

O CPA e o CPC são ainda menos justos

O CPM já está embutido no CPA e no CPC — afinal, para poder clicar (CPC) ou comprar (CPA), a pessoa precisa primeiro ver (CPM) o anúncio.

Ainda que o espectador não compre, ele viu o produto e a marca. A anunciante já atingiu parte do seu objetivo.

O dono da empresa anunciante e as agências de publicidade, bem como, os donos dos programas de afiliados sempre ganham com a exposição — só quem produz o conteúdo é que não ganha.

Cabe ao afiliado vender os produtos dos outros?

O modelo de afiliado é um CPA, ou seja, você ganha a partir das compras feitas no site da anunciante.

Cada criador(a) de conteúdo tem sua especialidade, o assunto que domina. E é para falar de suas especialidades que as pessoas criam blogs, vlogs, podcasts etc.

Obviamente, não basta ter expertise em relação a um tema — é fundamental saber repassar o conhecimento de forma que outros o entendam e estar sempre se atualizando.

Cada post é fruto de muito trabalho, inclusive de pesquisa. Manter um site ou perfil nas redes sociais com conteúdo de qualidade e que tenha valor para seu público, custa tempo e dinheiro.

É baseado nesta especialidade que os content creators, promovem os links afiliados.

Os programas de afiliados podem ser contraproducentes

Se o seu trabalho é pesquisar e estudar para entregar conteúdo de qualidade para o seu público, você não deveria gastar seu tempo promovendo os produtos dos outros — sobre os quais, muitas vezes, você não tem qualquer conhecimento.

Anunciar e vender é trabalho para equipes de marketing e vendas, pagas pelos anunciantes e seus veiculadores.

A ideia de reservar um espaço para anúncios no seu site é dar a eles o espaço que precisam para que deem o seu melhor para vender o seu próprio produto.

Em resumo, um parceiro de negócios não monta nas suas costas — mas se dedica a fazer parte da sua produção, deixando espaço para que você possa fazer o que sabe fazer melhor do que ninguém.

Portanto, é injusto você não ser remunerado pela simples exibição do anúncio dentro do seu conteúdo.

É injusto (para não usar um termo mais forte), querer que você escreva artigos “promovendo” seus produtos ou querer que você “se mate” pra fazer com que seus leitores cliquem e comprem nos sites dos outros.

No mínimo, esta relação é profundamente contraproducente para qualquer criador sério.

Quando um leitor não clica e não compra a partir dos anúncios expostos em seu site, a culpa não é sua — e, provavelmente, não é de ninguém.

Contudo, se a marca apareceu durante a exibição do conteúdo, que você produziu, é justo remunerar quem trabalhou.

O uso dos recursos, do espaço, da sua propriedade (no caso do seu site) ou do seu perfil, do tempo dos seus leitores, do seu tempo etc. precisam, sim, lhe dar retorno financeiro.

É neste sentido que os programas de afiliados exploram, sem remunerar quem produz conteúdo.

By Elias Praciano

Autor de tecnologia (livre, de preferência), apaixonado por programação e astronomia.
Fã de séries, como "Rick and Morty" e "BoJack Horseman".
Me siga no Twitter e vamos trocar ideias!

2 replies on “Programas de afiliados exploram quem cria conteúdo.”

Muito obrigado pela referência.
Este é um debate muito importante para nós blogueiros que levamos a sério nossos trabalhos. Ainda temos muito o que aprender e aprofundar.

Obrigado pela sua presença, Marcos.
Li os dois posts (o seu e o do Faustino) e mais um terço dos comentários de cada um (acho que chegam a 300).
Fiquei impressionado como as pessoas ainda estão defendendo este modelo dos programas de afiliados que suga o trabalho e o esforço dos outros de foram irracional.
Aí eu me lembrei das tais “pirâmides” dos programas de marketing multinível (telexfree etc) — quem está dentro defende de forma apaixonada e irracional. Um dia, contudo, costumam cair na real…

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