Entenda os tipos de tabelas do MySQL ou os mecanismos de armazenamento (storage engines) e conheça os mais comuns.
O MySQL suporta diversos tipos de tabelas ou mecanismos de armazenamento. Ao entender os recursos presentes em cada tipo, você poderá criar e usar tabelas com maior eficiência e melhorar a performance de seus bancos de dados.
Neste texto, vou abordar 8 tipos de tabelas MySQL e explicar suas características, seus recursos, vantagens e desvantagens, no sentido de te ajudar a obter máxima eficiência e melhor performance do banco de dados.
Os mecanismos de armazenamento de dados são componentes de software dos bancos de dados que permitem criar, ler, atualizar e apagar dados do sistema.
MyISAM
O MyISAM estende os recursos do antigo ISAM. É otimizado para compressão, velocidade e as tabelas neste formato são portáveis entre várias plataformas e sistemas operacionais.
As tabelas neste formato, padrão até a versão 5.5, podem ter até 256 TB de tamanho – o que é um tamanho considerável. As tabelas MyISAM podem ser convertidas para tabelas comprimidas e somente leitura (read-only).
Ao iniciar, o sistema de banco de dados verifica as tabelas deste tipo e pode encontrar e corrigir setores defeituosos nas tabelas.
Este tipo é plenamente apropriado a ambientes com intensa leitura de dados e pouca escrita – melhor ainda, com nenhuma escrita. Sua principal deficiência é não ter suporte a transações e chaves estrangeiras.
Leia mais: No artigo “vantagens e desvantagens do MyISAM“, são delineados mais detalhadamente os casos em que este mecanismo de armazenamento é mais indicado ou não.
InnoDB
Este é, atualmente, o mecanismo padrão do MySQL. A Oracle é a mantenedora e dona do InnoDB (após ter adquirido, em 2005, a empresa responsável pelo seu desenvolvimento, a finlandesa Innobase Oy).
O banco de dados MariaDB e o Percona Server usam um fork deste mecanismo, chamado XtraDB – que costuma incorporar os novos recursos do InnoDB, tão logo eles sejam disponibilizados pela Oracle.
Entre seus recursos, cito o suporte total ao ACID, à transações, chaves estrangeiras, commit, rollback etc. Têm ótima performance e as tabelas neste mecanismo podem chegar a 64 Terabytes.
Tal como o seu antecessor, o InnoDB também é portável entre diferentes plataformas. E o MySQL também faz checagem e reparos nas tabelas, ao ser iniciado.
Resumindo, o InnoDB tem suporte a:
- transações SQL e XA
- tablespaces
- chaves estrangeiras
- indíces FULLTEXT
- operações espaciais
- colunas virtuais
MERGE
Trata-se de uma tabela virtual, que combina múltiplas tabelas MyISAM, que têm estruturas similares, em uma só tabela. A palavra inglesa merge pode ser usada com o significado de junção, mistura. Também é conhecido como mecanismo MRG_MyISAM
. Uma vez que não tem seus próprios índices, este mecanismo usa os dos seus componentes.
Ao fazer uso deste mecanismo de armazenamento, você pode melhorar a performance da junção de várias tabelas. O MySQL só vai permitir as operações de SELECT
, DELETE
, UPDATE
e INSERT
em tabelas MERGE.
Se você executar o comando de remoção de tabela DROP TABLE
, só as especificações MERGE serão removidas – as tabelas envolvidas “na mistura” não serão afetadas pela operação.
MEMORY (HEAP)
Este storage engine, que já foi conhecido como HEAP, cria tabelas com propósitos específicos, cujo conteúdo fica armazenado na memória.
Uma vez que os dados ficam muito vulneráveis a problemas de hardware, como oscilações na rede elétrica, é seguro usar este mecanismo apenas para tabelas temporárias, com restrições de escrita (que não podem ser alteradas) e com dados emprestados de outras tabelas.
A principal vantagem deste mecanismo é a agilidade com que se pode manipular os seus dados.
ARCHIVE
É otimizado para inserção ágil e rápida de grande quantidade de dados em arquivos comprimidos e não indexados, para economizar espaço.
Os registros são comprimidos ou descomprimidos sob demanda, à medida em que são inseridos ou requisitados.
CSV
O mecanismo de armazenamento CSV (Comma Separated Values — valores separados por vírgulas)armazena os dados em arquivos de texto, separando os registros com vírgulas. Este é o mecanismo usado em listas de contatos do cartão SIM do seu celular:
"Odair José","1136789890" "Reginaldo Rossi","8198786543"
É um padrão que ocupa pouquíssimo espaço, por sua simplicidade e tem maior compatibilidade com aplicativos tais como planilhas eletrônicas (Excel, LibreOffice etc).
FEDERATED
Ao criar uma tabela de dados com o uso de um dos mecanismos de armazenamento padrão (MyISAM, CSV ou InnoDB), o arquivo conterá uma definição de seu conteúdo e dados. Uma tabela FEDERATED consiste de uma definição dos dados que armazena – contudo, os seus dados estão fisicamente armazenados em um servidor remoto.
As tabelas deste mecanismo, consistem, portanto de 2 elementos:
- um servidor remoto com uma tabela de banco de dados, contendo uma definição da tabela (em formato
.frm
) e a tabela à qual está associada. O tipo de tabela pode estar em qualquer formato que este servidor suporte; - um servidor local com uma tabela contendo uma definição que corresponde à da tabela no servidor remoto. Não há um arquivo de dados no servidor local – há uma conexão para a tabela no servidor remoto.
Blackhole
O mecanismo “buraco negro” aceita dados, mas não os armazena. Ao tentar recuperar os dados “armazenados”, você receberá sempre uma resposta vazia. Pode ser usado em projetos de bancos de dados distribuídos, onde estes são automaticamente replicados, mas não armazenados localmente.
É comum ser usado para rodar testes de performance.
LEIA MAIS
- O MyISAM — Aplicabilidade, vantagens e desvantagens deste mecanismo de armazenamento.
- Tipos de dados — Conheça os tipos que você pode usar nas tabelas.
Conclusão
Os formatos padrão, InnoDB e MyISAM, acabam por ser as escolhas mais seguras na grande maioria dos casos. Se houver necessidade de fazer transações, escolha o InnoDB (padrão nas versões atuais do MySQL). Em casos fora do comum, um destes outros mecanismos que você conheceu pode ser o mais adequado.
4 replies on “Mecanismos de armazenamento no MySQL ou Storage Engines”
Parabéns ótimo artigo!
Muito útil o conteúdo, estou desenvolvendo uma aplicação que gostaria de diminuir o trafego de rede, então pensei em usar o engine FEDERATED ou até mesmo o BLACKHOLE já que não haverá modificações nos dados. Já utilizo como MYISAM, vou rodar em teste para medir o consumo e resposta.
Obrigado pelo feedback. Sinta-se à vontade para nos contar os resultados, se quiser.
Ótimo artigo, esclareceu esta questão das engines para mim…